A Polícia Federal (PF) marcou para a próxima terça-feira (1) os depoimentos do ex-assessor especial da Presidência Fábio Wajngarten e do advogado Paulo Cunha Bueno, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os dois são investigados por uma suposta “prática dos crimes de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa” na ação penal que investiga o suposto golpe após as eleições de 2022. Os depoimentos ocorrerão de forma simultânea, por volta das 14h.
Na mesma data, também devem prestar esclarecimentos à PF o tenente-coronel Marcelo Câmara, próximo de Bolsonaro e investigado no mesmo caso, e seu advogado, Eduardo Kuntz.
Wajngarten, Paulo Costa Bueno e Eduardo Kuntz serão ouvidos em São Paulo e Marcelo Câmara vai prestar depoimento em Brasília, onde está preso.
A decisão de colher depoimentos de Fábio Wajngarten e do advogado Paulo Cunha Bueno ocorre no âmbito de um inquérito aberto na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar se o réu Marcelo Câmara e o advogado dele, Eduardo Kuntz, tentaram obstruir as investigações.
Em depoimento prestado na terça-feira (24), Mauro Cid afirmou que Paulo Bueno e Eduardo Kuntz tentaram convencer seus familiares a adotar uma estratégia de “defesa conjunta” com a do ex-presidente. Segundo o militar, o encontro ocorreu quando ele ainda estava preso, e os advogados se colocaram à disposição para atuar em sua defesa.
Cid declarou não compreender o motivo da aproximação, uma vez que Kuntz, até então, havia mantido apenas contatos pontuais com ele, por atuar na defesa de Bolsonaro. O ex-ajudante apresentou à PF um documento assinado por sua mãe, onde confirmava abordagem dos advogados.
Além disso, Cid relatou que Kuntz teria feito contato com sua filha, com o suposto objetivo de obter informações sobre os termos de sua colaboração premiada. O militar afirmou acreditar que as investidas buscavam interferir no processo de delação que ele negocia com as autoridades.
Outro foco de apuração envolve o ex-assessor Fábio Wajngarten. De acordo com Mauro Cid, ele teria se aproximado da esposa e da filha menor de idade entre agosto e setembro de 2023, inclusive por meio de ligações e mensagens via WhatsApp. Em uma dessas conversas, Wajngarten teria tentado persuadir a esposa do militar a trocar os advogados que o representavam.
Cid entregou à PF uma declaração assinada pela esposa, detalhando a tentativa de aproximação. Segundo ele, o objetivo seria obter detalhes sobre a delação em andamento.
Wajngarten foi demitido do Partido Liberal (PL) em maio deste ano, após o vazamento de mensagens que trocou com Mauro Cid e críticas direcionadas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Fonte: DiariodoPoder