Entenda os impactos na lagoa Mundaú em caso de colapso da mina da Braskem em Maceió

Afundamento afeta diretamente o meio ambiente, o turismo e as pessoas que dependem da lagoa para sobreviver. Mina da Braskem, no bairro do Mutange, em Maceió, está cedendo e fazendo solo afundar gradativamente O afundamento do solo sobre a mina da Braskem que está sob risco de colapso no bairro do Mutange, em Maceió, pode impactar a lagoa Mundaú, principal meio de sobrevivência para pescadores e catadores de sururu. A velocidade da movimentação de terra oscila constantemente e pode causar o rompimento abrupto e surgimento de uma cratera no local.
A lagoa Mundaú divide os municípios de Maceió, Coqueiro Seco e Marechal Deodoro, onde encontra a lagoa Manguaba. Juntas, elas formam o Complexo Estuarino Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), um dos ambientes mais representativos do litoral alagoano. .
A Braskem afirma que as áreas no entorno da mina foram evacuadas e que os trabalhos de preenchimento das cavidades foi suspenso.
O pesquisador e professor Emerson Soares, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), coordena o projeto Laguna Viva, que monitora as condições da lagoa Mundaú. Ele afirma que a poluição é o problema mais grave da lagoa.
Coletas de amostras de água feitas bimensalmente apontaram que a lagoa está poluída por esgotos, agrotóxicos e outras substâncias contaminantes.
"A gente encontra metais pesados em alguns níveis altos, três grandes fontes de esgoto do município de Maceió, que trazem muitos contaminantes, solventes, BTEX, entre outros compostos, que eutrofizam o ambiente e trazem doenças, bactérias e verminoses. Compostos que são cancerígenos que vem via esgoto".
Além de esgotos de Maceió e da região metropolitana que chegam à lagoa sem tratamento, agrotóxicos também contaminam a água.
"Os esgotos da cidade de Santa Luzia do Norte também e agrotóxicos que vem via Rio Mundaú com os processos erosivos nas áreas marginais, com desflorestação dessas áreas e com lançamento de agrotóxicos nesses terrenos, que quando vem solto sendo trazido pelo rio Mundaú, acabam vindo parar na lagoa. Então esses são os maiores problemas da lagoa atualmente", disse o professor.
Impacto social
O trecho em um raio de 1 km na lagoa Mundaú foi interditado para navegação e segundo a Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura de Alagoas, não há prazo para o fim da proibição.
Isso afetou a economia na região e a vida de aproximadamente 6 mil pescadores e marisqueiros que sobrevivem diretamente da pesca na lagoa e da extração de sururu, um molusco bastante consumido na gastronomia local.
Na tarde de terça-feira (5) o Governo Federal informou que vai pagar auxílio-financeiro de R$ 2.640 a todos eles.
Impacto no turismo
A interdição no mar também afetou quem trabalha com passeios turísticos na lagoa. Donos de catamarã alegam que os passeios têm reunido cada vez menos gente e os barcos, que antes navegavam cheios, agora não atingem sequer 50% de sua capacidade.
Impacto ambiental
Por causa do impacto ambiental, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) multou a Braskem em mais de R$ 72 milhões por causa do risco de colapso e desabamento da mina 18, no bairro do Mutange, em Maceió.
O aumento do nível de sal na água da lagoa pode acontecer se a mina colapsar. Entretanto, o professor Emerson Soares afirma que os danos seria bem menores comparados à degradação da lagoa devido à poluição.
"Mesmo com esse cenário, os impactos na lagoa serão bem menores do que o já acontece. Tem que lembrar que na mina tem só cloreto de sódio. É sódio e cloreto. A nossa única preocupação era, se houvesse isso, se acontecesse, era que índices de cloreto de sódio e alguns outros compostos que existem na rocha calcária, cálcio, por exemplo, ou algum tipo de magnésio, iam aumentar na lagoa e iam reagir com outros compostos que já estão ali e iam tornar a lagoa um pouco mais complicada para os organismos, mas o efeito não seria tão negativo, visto o que já a gente já observa na lagoa".
COMENTÁRIOS