Ilha do Ferro tem Ceviche de Piranhas — e muito mais

Dona Lúcia Souza é de Tanque D’Arca, mas o coração a levou para a Ilha do Ferro, junto com a filha, Luciana. As duas se encantaram pelo povoado de Pão de Açúcar e pelo Rio São Francisco. Como acontece com quem descobre esse paraíso, não foram as únicas: turistas começaram a chegar atrás de hospedagem e comida boa.

^{Galinha de capoeira com pirão}

Luciana abriu a Pousada Cacto; dona Lúcia, mais ousada, fez do quintal um restaurante famoso pelo ceviche de piranhas e pela galinha de capoeira com pirão de comer rezando. Para mãe e filha, aprender e empreender veio de forma natural. Mas sempre há espaço para crescer — por isso participaram da Oficina Sabores no Balanço das Águas. Trocar experiências com chefs é, afinal, um tempero que não pode faltar.

^{Os chefs Mariana,Thiago, Antônio e Picuí com Dalton e Maria Amélia}

Essa história é um capítulo saboroso do trabalho do Museu Coleção Karandash e do Ministério da Cultura para transformar Pão de Açúcar em um destino não só de turismo cultural, mas também gastronômico.

^{Dona Lucia, famosa pelo ceviche de piranhas}

📞Dica: para provar o ceviche, a galinha com pirão e fava, é só ligar e encomendar. Dona Lúcia tem apenas um funcionário, serve café da manhã para a pousada, almoço e jantar. E já planeja novidades: arroz com caldo de piranhas, escondidinho de carne de sol com macaxeira, queijo coalho e manteiga. Ah, e ainda tem uma cachaça com cinco ervas que, com mel orgânico, vira praticamente uma rota da felicidade.

^{Cozinha do Senac com vista para o Rio São Francisco}

Oficina Sabores no Balanço das Águas

O evento aconteceu graças à garra dos idealizadores Maria Amélia, Dalton e a filha Joana, com patrocínio do Magazine Luiza, Lei de Incentivo à Cultura e Sebrae Alagoas. Apoio cultural: Senac Alagoas, Tintas Miracor, Prefeitura de Pão de Açúcar, Boi de Engenho, Verdes Mares Distribuidora e Pimenta Preta 52.

^{Fatima do restaurante Picui com peixe piranha na feira}

O começo

Na feira de Pão de Açúcar, ingredientes frescos saltavam aos olhos: quiabo, maxixe, tomate, beterraba, cenoura, banana, acerola, pimenta-de-cheiro, macaxeira, goma de tapioca, queijos coalho e manteiga, doce de leite, bolachas e, claro, muito peixe. Tudo foi para as cestas dos chefs para criar receitas durante a oficina. A programação incluiu também uma visita ao mestre Beto do Beiruz, artesão de couro que, com a chegada dos turistas, passou a criar bancos, espelhos e bolsas. E teve o Bar do Vaqueiro, com cerveja gelada e um forrozinho arretado.

^{Baião de Todos Chefs para comunidade}

Prato cheio

Foram 300 pessoas saboreando — e repetindo — o Baião de Todos os Chefs, preparado por Wanderson Medeiros, Mariana Bernardes, Antônio Mendes, Thiago Brandão e Madu Madureira. Numa panela gigante, foram 15 kg de carne de sol, 15 kg de queijo coalho, 15 kg de arroz, 15 kg de feijão, além de bacon, linguiça, coentro, alho, cebola e muita manteiga de garrafa. Temperado também com histórias do sertão.

Os chefs

Picuí mostrou que queijo coalho rende desde pirão até escondidinho

Thiago Brandão ensinou pão caseiro que também vira pizza

Mariana Bernardes fez conservas com quiabo, maxixe, cebola roxa e beterraba

Antônio Mendes apresentou hambúrguer de peixe e arroz de bode

Madu comandou um almoço coletivo que reuniu participantes e comunidade.

Barco-Museu

Cerca de 200 pessoas — entre moradores, turistas e estudantes da rede pública — visitaram o Barco-Museu no Balanço das Águas, que navegou pelo Velho Chico levando arte, cultura e encontros. A bordo, uma exposição de fotos apresentou as trajetórias dos chefs convidados.

Palestras

O chef Thiago Brandão falou sobre gastronomia; Mariana Bernardes sobre restaurante e economia criativa; e a diretora da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) sobre turismo.

E, no mais, a Ilha do Ferro segue irresistível: ateliês por todos os lados, mulheres bordando “Boa Noite”, café com bolo de cenoura no Café da Ilha, cuscuz com carne guisada no Recanto do Calango, churrasquinho na praça, quebra-queixo e cachaça de raízes do Bobô. Um destino para ver, provar e guardar na memória.