Aproximar quem planta de quem consome é mais do que uma estratégia de desenvolvimento — é um gesto de reconhecimento àqueles que dedicam suas vidas à terra e garantem o alimento saudável que chega à mesa de milhares de famílias. É com esse intuito que o Governo de Alagoas realiza o Circuito Regional de Feiras da Agricultura Familiar e Economia Solidária, conectando produtores locais aos centros urbanos e fortalecendo o trabalho que move o campo, especialmente o das mulheres agricultoras.
Silvaneide Santos, agricultora familiar do Povoado Riacho do Pedro, em Penedo, município do Baixo São Francisco, é uma dessas mulheres que, com orgulho, colhem os frutos de uma tradição passada de geração em geração. Ao lado da irmã, ela mantém viva a herança ensinada pelos pais, cultivando hortaliças, frutas, raízes e aves que sustentam sua casa e abastecem feiras da região.
“Eu vivo da agricultura. Toda a minha renda vem da terra. Aprendi com meu pai e minha mãe, e hoje planto e vendo couve, alface, coentro, mamão, maracujá, acerola, macaxeira e ovos. As feiras fazem a gente ser conhecida e ajudam a melhorar minha renda”, conta.

Além disso, a pequena agricultora é assistida por técnicos do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater/AL) e participa de vários programas e políticas públicas promovidos pelo órgão e pela Seagri como: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Planta Alagoas, além de receber apoio técnico para melhorar e garantir a qualidade de sua produção.
“É muito importante o apoio que recebemos dos técnicos. Eles chegam aqui em casa, dão informações que ajudam na nossa plantação e explicam como podemos participar dos programas do Governo. Eu participo de todos e adoro receber as sementes que vêm do Planta Alagoas, da Secretaria de Agricultura!”, comemora Silvaneide.
Protagonismo feminino no campo

O trabalho agrícola é também uma ferramenta de empoderamento. Em Alagoas, muitas mulheres veem no cultivo sua única fonte de renda. Elas plantam, colhem, comercializam e ainda se dividem entre a lida do campo e o cuidado com a família. Apesar dos desafios, seguem firmes em seus propósitos.
Segundo o Censo Agropecuário 2017, Alagoas apresenta um dos percentuais mais expressivos de participação feminina na administração de estabelecimentos rurais do país: 24,59%, acima da média nacional de 19,7%. No Agreste e no Sertão estão concentrados 79,5% dos empreendimentos que são liderados por mulheres, revelando uma geografia do protagonismo feminino que resiste e se expande.
Produção local e alimento saudável
A agricultura familiar representa 83,6% dos estabelecimentos rurais em Alagoas e ocupa 33,7% da área total explorada no estado, conforme os dados do IBGE. Ao todo, são 82.369 estabelecimentos, fundamentais para a segurança alimentar, o desenvolvimento sustentável e a preservação da biodiversidade.
O estado ocupa a sétima posição no Nordeste em número de agricultores familiares, sendo o 14º do país. Em termos populacionais, 26,4% dos alagoanos vivem na zona rural, o que reforça a importância de políticas públicas que valorizem e garantam a permanência no campo.
Promovido pelas Secretarias de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics), em parceria com a Unicafes Alagoas, o Circuito de Feiras é uma oportunidade real de escoamento da produção local e de estímulo à economia solidária. Mais do que comercializar, é uma forma de dar visibilidade à força do campo alagoano, especialmente à força feminina.

“Valorizar quem produz com as próprias mãos é uma prioridade do Governo de Alagoas. O Circuito de Feiras é um espaço de comercialização e reconhecimento do trabalho dos pequenos agricultores que formam a agricultura familiar. E quando olhamos para as mulheres agricultoras, podemos enxergar a força e a resiliência na construção de um futuro mais saudável e sustentável”, avalia Aline Rodrigues, gestora da Seagri.
Política pública para o futuro
Uma das prioridades do governo Paulo Dantas é fortalecer o cooperativismo e valorizar o trabalho dos agricultores familiares. Com esse objetivo, a Sedics tem atuado, por meio da secretaria Executiva do Cooperativismo, Associativismo e Economia Solidária, diretamente na promoção de políticas públicas que impulsionam o desenvolvimento com base na cooperação, na inclusão social e na sustentabilidade.

O Circuito de Feiras Regionais chega como espaços estratégicos de escoamento da produção local, geração de renda e valorização do trabalho coletivo, especialmente liderado por mulheres. Além de contribuir com o fortalecimento da agricultura familiar e da economia solidária, promovendo a equidade de gênero e o papel de liderança das mulheres no campo; a sustentabilidade dos sistemas produtivos frente às mudanças climáticas; a inovação social, o desenvolvimento territorial, a preservação da cultura e da biodiversidade local, o evento tem promovido a divulgação da produção alagoana, destacando a qualidade e a variedade dos produtos.
Para a secretária de Desenvolvimento, Alice Beltrão, o cooperativismo surge como uma ferramenta de profissionalização para as agricultoras, promovendo autonomia, acesso a mercados e capacitação técnica. A atuação junto a empreendimentos coletivos e cooperativas contribui para fortalecer as redes de produção, ampliar o impacto social e econômico no meio rural e garantir que o desenvolvimento alcance todos os territórios de forma justa e duradoura.
“Acreditamos no poder transformador do cooperativismo e na força das mulheres do campo. Elas são protagonistas de uma nova economia, mais solidária, justa e sustentável. O Circuito de Feiras é uma prova de que, quando investimos em inclusão e desenvolvimento regional, transformamos realidades”, destaca Alice Beltrão.
Fonte: Secom/AL